quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O momento e a hora.



Já andei por muitos lugares. Desbravei segredos incríveis. Mergulhei á fundo em situações jamais imaginadas. Abracei pessoas dignas, derramei lágrimas quando realmente não podia e fui forte quando não precisava ser. Olhei para o céu, contei estrelas, admirei a claridade da lua entrando pela janela do meu quarto e enquanto isso acontecia, fui montando a minha armadura metálica para poder vesti-la nos momentos oportunos, tal qual uma fantasia usada num bloco carnavalesco.

Pulei etapas. Virei adulta muito cedo, quando o néctar da adolescência ainda se fazia presente. Deixe levar-me e confesso: não sabia para onde. Não possuía bussola, mapa, relógio do sol, rosa dos ventos. Nada. O que tinha era só o desejo – carnal, espiritual, mental, mas virei adulta sem alicerces, sem conseguir muitas vezes distinguir o certo do errado nas horas mais complexas. Aí, como num ato de defesa e irresponsabilidade voltava a ser criança, porem, com cobranças exageradas.

Não passei o carnaval em Salvador. Não desfilei pela minha escola de samba. Não assisti a todos os jogos do Timão. Não matei muitas aulas no colégio. Não tomei todos os banhos de cachoeira que queria. Não desci varias vezes de Rapel. Não disse Eu Te Amo para quem realmente amo, como também não consegui me despedir em despedidas necessárias. Em varias coisas, ainda tenho tempo. Em outras, o amadurecimento precário roubaram-me a chance.

Tento ser forte em varias horas porem, tem horas que não dá. Eu necessito, assim como respirar, colocar a minha roupa de açúcar, meu sapato de nuvem, minha maquiagem de neve, pegar meu cobertor de lamurias, meu travesseiro de mágoas, meu urso de solidão, trancar-me num lugar ermo e refletir, refletir por horas, para tentar encontrar alguma solução.

Em certas ocasiões, protelei resoluções até o limite do bom senso. Em outras, tentei resolver em questão de horas. Fracasso declarado em ambos os casos. Aprendi nessas e em varias outras, como também aprendi que um ressentimento de quatro anos e seis meses não será resolvido em quatro meses e cinco dias. Levará mais um tempo e cabe a mim, ser inteligente e esperar.

Meu momento e a minha hora são relativos. Agora por exemplo, preciso de um abraço. Amanha, pode ser um beijo. Depois, um sorriso. Daqui a um mês, esquecer de alguém. Daqui a dois meses, comemorar meu aniversario. Daqui a um ano, viajar. Daqui a dezoito meses, começar a trabalhar e por aí vai. Mas o que eu mais quero no fim é não ter mais que pular mais etapas e nem usar mascaras. Se for para pular, que seja carnaval e se for para usar mascaras que sejam venezianas.

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