quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Para você Gustavo.

Hoje acordei lendo belas palavras que me fizeram refletir sobre diversas questões. Quem me conhece sabe do verdadeiro pânico que tenho em ficar sozinha. Não digo pânica pela falta de um amor, pois se é para atrapalhar, melhor ficar sozinha. Esse pânico se refere ao medo de perder a coisa mais valiosa que eu tenho: meus amigos. Demorei muito para enxergar quem são os meus verdadeiros anjos da guarda, pessoas que mesmo longe, fazem uma festa quando dou uma ligação ou quando mando um simples recado no Orkut. Esse pra mim é o verdadeiro valor de ser amigo.

Como sou blogueira assumida, adoro conhecer pessoas que escrevem ou que tem alguma mensagem especial para passar. Através de uma amiga, pude conhecer o blog Dois em Xeque. Que delicia foi poder encontrar em cada texto, palavras de consolo, de alegria, de incentivo para continuarmos na busca incessante pelo verdadeiro amor.

Na época, a dupla era formada pela Mayara e pelo Gustavo. Idéia genial afinal, em uma mesma postagem tínhamos a felicidade de vermos o lado masculino e o feminino dos relacionamentos. Com a Mayara percebi o lado da loucura, do romantismo de ser mulher e com o Gustavo, a racionalidade do ser masculino. Bela forma de tentar encontrar o equilíbrio entre o lado masculino e o feminino. Missão difícil é fato, mas muitas vezes necessárias ainda mais nessa era do ficar, do não desejar ter compromisso ou dos amores descartáveis.

Quando o Gustavo escreveu seu ultimo texto, me deu uma dor no peito, um aperto enorme afinal, já estava me acostumando com as suas palavras doces e carinhosas, porém, veio-me uma surpresa quando soube que o mesmo iria continuar escrevendo, mesmo que fosse na Terra de Cabral. Surpreendeu a ida, o fim da parceira, mas também deixou uma alegria no ar... Boas palavras jamais devem deixar de serem escritas.

A minha natureza é ser pentelha mesmo. Eu venço as pessoas pelo cansaço e acabei vencendo o meu grande escritor. Legal saber das curiosidades de Lisboa, de observar, mesmo que do outro lado do oceano, de entender um português bem diferente do nosso, porém, faltava algo mais no seu novo blog e esse algo se chamava textos sobre amor, dor solidão, angustia. Textos que eu conhecia e claro, admirava e depois de vários comentários e pedidos, veio um belíssimo texto falando sobre solidão no qual me identifiquei muito.

A atenção que ele dá aos seus leitores é enorme sempre com carinho e respeito e essa mesma atenção ficou clara quando fiz um comentário e me veio uma resposta curta, doce e inesquecível. Palavras que certamente serão lembradas.

Deixo aqui, com todo o meu carinho, o seu belíssimo texto e os nossos comentários.
Obrigada Gustavo por ser um excelente´escrevente´´ e por poder contagiar a todos com as suas palavras.


´´ Respondo a uma estimada amiga do mundo virtual que me perguntou, cá entre os comentários, como andam as coisas em Portugal. De fato, há algumas publicações que tenho deixado de lado os juízos exteriores para me debruçar sobre o meu interior – ou meus interiores, uma vez que são muitos e distintos.De modo algum isso é ruim ou foge ao conceito deste espaço. O blogue saibam todos, não tem conceito. Tenho vontade de escrever – quase como um instinto fisiológico –, e isso basta. Se me tirassem a escrita, preferia morrer. “A boa obra de arte nasce da necessidade” (Rainer Maria Rilke).Veja, cara amiga, não digo que o que escrevo é a boa obra de arte. Apenas que ela brota, sim, da necessidade – e, por isso, se não pode ou deve ser alçada como boa, ao menos que seja vista como honesta e pura.Ao mesmo tempo, expor meus devaneios mais profundos é falar de Lisboa. De como a cidade proporciona esse passeio dentro de si, quer nas suas ruas e praças antigas, quer em seus cafés e bares agradáveis. O vento gelado que bate no rosto é companhia ideal da solidão serena. O desassossego mundano é menos desassossego e menos mundano diante do belo poente contemplado por um mirante “natural”.Esta semana estou pra cima e pra baixo à procura de emprego. Na verdade, desde que cheguei replico anúncios e distribuo currículo. A crise mundial me pegou pelo pescoço e, com o euro a quase R$ 3, os planos de sobreviver tantos meses com o dinheiro que guardei teve de ser revisto.Não há sinal de alerta, tudo caminha com calma e segurança, mas preciso trabalhar. Preenchi cadastros de empresas que promovem “extras”: vão desde garçons para hotéis e restaurantes a demonstradores de perfumaria e de hipermercados. É uma grana boa que entra.A melhor chance pintou em um cinema próximo à faculdade. A vaga é de lanterninha. Que tal? Investi todas as fichas, mas nada de resposta ainda. Os horários encaixam com o das aulas e o salário é bacana. Sem contar que poderei assistir aos filmes – até que depois de um mês vou saber todas as falas e enjoar dos enredos repetidos.Mas qual roteiro é sempre original? ´´

Luciana Lopes disse...
Sabe Gustavo:uma das coisas que mais admiro em você, apesar de não conhecê-lo pessoalmente é essa sua coragem de mudar. Não deve ter sido fácil largar a sua cidade, os seus amigos e ir em busca de outro sonho, de ir além para ser alguém melhor.Parece que o domínio da solidão faz parte de você, da sua essência, do seu modo de encarar a vida. Solidão essa que me apavora. Nasci para estar rodeada de pessoas, de familiares, de militantes......... Enfim. Nasci para ter alguém para poder bater um papo, fofocar, xingar meio mundo. No fundo, sou feliz assim.No final do ano darei uma de mochileira. É, voou fazer as malas e sair meio sem rumo pelo interior de Minas. Tenho medo, receio, dor, enfim... Não sei o que esperar de mim e das pessoas que encontrarei no meio do caminho mas necessito fazer isso, como uma forma de descoberta, de aprendizado, de sei lá o que. No fim, sei que sera valido e voltarei para o meu mundo mais crescida, mais forte e com mais disposição para enfim, consegui me formar na universidade e buscar outros caminhos pré traçados, mas que podem ser mudados.Abraços.
29/10/08 10h07min

Gustavo Jaime disse...
Luciana, não trate estas palavras como verdade absoluta. As leia com teu coração e veja se alguma coisa a acrescenta - ou simplesmente toca. “Só a solidão é necessária, uma grande solidão interior. Entrar dentro de si e não estar com ninguém horas a fio - tem de ser capaz disso. Estar só, como em crianças estávamos sós, quando os adultos circundavam por aqui e por ali, enredados em coisas que pareciam grandes e importantes porque os adultos pareciam tão ocupados e porque nada sabíamos dos seus afazeres.” “Sabemos pouco, mas que temos de nos ater à dificuldade é uma certeza que nunca nos abandonará; é bom ser solitário, porque a solidão é difícil; que uma coisa seja difícil deverá ser mais uma razão para a fazer. Também amar é bom: porque o amor é difícil."
29/10/08 10h44min

Um comentário:

Gustavo Jaime disse...

Puxa vida, o que me resta falar? Agradeço pelo carinho em uma descrição tão íntima e pelos elogios que me fazem saber que o caminho das letras não é em vão. Como deixei no texto que colocou: "Tenho de escrever" e isso, por si, me basta. Mas não escondo - e nem devo esconder - que os retornos sempre são recebidos com satisfação e apreço.

Obrigado você, Luciana, por ser leitora. Obrigado por ser, também, "escrevente" e nos deliciar com relatos simples de vidas que não tem nada de simplórias.

Reitero o que escrevi na resposta a seu comentário: não há sentido mais forte que o do amor. Nestes últimos anos acabei por ter certeza disso: apaixonar-se, seja lá qual tipo de paixão tocamos, é a única coisa que rege a vida.

Beijos!