quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Vozes......




Hoje, ao ligar para um conhecido, acabei me assustando um pouco com a sua voz. Na verdade, ela não é feia, mas sim muito parecida com a de um amigo que como tantos outros, se perderam no tempo. Aquela coincidência pra mim foi um susto, ainda mais por saber e lembrar a todo instante que somos comparados com outras pessoas.

Eu tenho fama de ser a ovelha negra da minha família. Engraçado isso... muitas vezes me culpei por esse acontecido porém, depois de alguns choros e revoltas, descobri que é bom ser assim, ser colocada dessa maneira, significa que eu incomodo e que sou original.

Quando eu criança, nos idos de 1994, minha mãe fazia de tudo para eu ser uma menina meiguinha, que gostasse de rosa, que fizesse balé, que só brincasse de boneca e que tivesse longos cabelos claros e como eu era? Simples: adorava jogar futebol, brincar de taco, fazia aula de basquete, tinha o cabelo curtinho e as minhas bonecas só tinham algum espaço no meu dia depois que eu já tivesse cansada de tanto brincar no parquinho.

Tem horas que penso que aquele personagem Do Contra das histórias em quadrinhos, foi feito pra mim. Explico. Quando eu tinha 11 anos, entrei para a igreja e fiz primeira comunhão. Aos 17 anos, depois de ter feito todo e qualquer encontro imaginável, enchi o saco e abandonei. Até os 16, eu sonhava em ser jornalista e hoje sou estudante de Biomedicina. Minha família detesta política e eu sou militante do Movimento Estudantil. Aos 15 anos, para aumentar a minha mesada, fazia brigadeiro e vendia na escola e hoje dou aulas particulares para sobreviver. Nunca fui de parar em nenhuma escola e até de faculdade eu mudei. Ufa e isso é só o começo.

Calma lá. Não sou assim para fazer pose ou ser tachada de ´´rebelde sem causa. ´´ Eu simplesmente gosto de inovar, de mudar, de ser diferente. Porque não? Odeio gente que faz coisas bem piores do que eu por debaixo dos panos e na frente da família ou da sociedade se faz de santo. Não é porque eu já pintei o meu cabelo de loiro com as pontas verdes e tenho vários furos de piercings que sou melhor ou pior do que ninguém. E a minha mãe é uma santa. Essa vai pro céu sem escalas.

Escrevi isso para mostrar que em aparências, vozes, jeitos e gestos, varias pessoas são parecidas, mas que por dentro, cada um é cada um. Seria tão bom e tão lindo se a sociedade parasse com essa história de estereótipos. Sendo você gordo ou magro alto ou baixo, narigudo ou sem nariz, banguela ou de aparelho, rico ou pobre, universitário ou secundarista, concursado ou terceirizado, com tatuagens ou sem, enfim, não importa a carne, o por fora, o que importa mesmo é a vontade de ser do seu jeito, de ter a sua cara, pois isso ninguém tira.

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