quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Os sonhos não envelhecem.

Era uma vez uma casal. Ela linda e ele inteligente. Conversavam sobre diversos assuntos. Tinham muito em comum, principalmente as ideais revolucionárias, porém, como duas pessoas distintas, também tinham suas diferenças. Enquanto ele era discreto, ela ria e falava alto. Enquanto ele se vestia de maneira simples, ela estava sempre no salto. Enquanto ele adorava andar a pé, ela morria de preguiça. Enquanto ele mal fazia a barba, ela estava com o cabelo sempre impecável, mas mesmo assim, se completavam.

Eram como carne e unha ou na linguagem da cidade dele, a goiabada e o queijo. Diferentes, mas necessários um ao outro. Adoravam rir juntos, dormir abraçados, debater sobre músicas, sonhar com a revolução, explorar livros novos. Quem os olhava, tinha a absoluta certeza de que na aparência não combinavam em nada, mas era só vê o carinho que ambos tinham que viam o quanto davam certo. Pareciam até a Princesa e o Plebeu ou a Dama e o Vagabundo.

Quando o rolo, o romance, o relacionamento ou o trailer de um conto de fadas chegou ao fim, ela não teve vergonha de implorar amor, de pedir só mais uma chance. Chance essa que foi negada e no fundo, a culpa foi dela, por ser insegura e por não entender que ele não pertencia a uma pessoa, mas sim ao mundo. É enquanto ela era romance puro, cem por cento coração, ele tinha uma racionalidade incrível, vista por poucos e indo assim, dessa maneira louca, ela se permitiu amá-lo e a transformar a cidade dele num lugarzinho só deles e de mais ninguém.

Quando teve que realmente ir embora, disser adeus, se despedir, foi como se uma parte do seu coração ficasse junto dele. Juraram amizade eterna, cumplicidade pra sempre, pois o carinho não havia morrido só o sentimento homem e mulher. Da parte dele. Da parte dela continuava vivo, mas escondido.

Em poucos meses viveram muitas coisas. Quando tinham algum problema com um, o outro, mesmo longe, se prontificava a resolver ou a ajudar. Seguravam a barra legal. Ele com a sua calma e ela com o seu jeito prático de resolver as coisas em 5 minutos e a paixão continuava ali, escondida, com medo de ser revelada. Ele poderia não gostar de saber disso. O silencio, nesse caso, foi à alma do negócio.

A freqüência das conversas diminuiu. Ela na luta com a universidade e em busca de um colo para poder dormir e ele no corre de uma campanha eleitoral, mas sempre que a agenda permitia os dois se falavam e claro, também se ajudavam. A entrega foi uma coisa vinda da alma, do coração e da sabedoria. E a companhia um belo presente.

Demorou para se falarem novamente e quando o assunto rumava para coisas sérias, ele fez uma piadinha e no meio dessa, soltou sem querer que estava de rolo. Pronto. Bastou para que ela ficasse triste, sem vontade de comer e com o seguinte pensamento: Porque não eu?

Os sonhos jamais iram envelhecer. Ela é bonita, atraente, bem resolvida, cheia de compromissos sociais e claro, de caras interessados em encantá-la ou porque não dizer amá-la como ela o amou? Na verdade, de uma maneira diferente, pois ela o amou em silêncio e dessa vez, se for para amar o parceiro com quem vem conversando, tem que ser próximo, com calor humano e podendo dizer pra todo mundo afinal é livre como um pássaro, faltando só descobrir o rumo a voar.

Ao contrario de outros jamais apagara os contatos dele. Continuara o ajudando, mas sem se envolver muito. Ela precisa dá espaço para coisas novas e também para poder descobrir outros ninhos de amor, seja em outra cidade ou na sua, importando sempre, mesmo triste,serfeliz.

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