domingo, 2 de novembro de 2008

Dia 2 de novembro.

Domingo dia 2 de novembro. Feriado. Alguém por acaso se lembrou disso? Do dia todo mundo lembrou é claro, mas se o feriado não cai em dia de semana, ele é automaticamente esquecido.
Tenho medo da morte, pavor da palavra enterro, pânico em pensar que terei que velar alguém e ao contrario do que muitos pensam, não falo do enterrar só um corpo. Isso é fácil, afinal é a única certeza da vida. Falo do pior, do enterrar uma alma.
É duro ter que conviver com alguém e de uma pra outro ser obrigada a sepultá-la em algum lugar do coração ou da memória. A verdade é que, é menos doloroso fazer essa transição na mente, pois para quem é emotivo como eu, o coração manda e desmanda na vida.
Nesse feriado, não chorei, não pedi, não agradeci. Calei-me e isso bastou. Sofri em silencio a ida dos meus. De uma forma ou de outra, foi o jeito que encontrei para mostrar minhas dores e angustias que o tempo jamais vai apagar.


´´ Para isso fomos feitos. Para lembrar e ser lembrados. Para chorar e fazer chorar. Para enterrar os nossos mortos-por isso temos braços longos para os adeuses. Mãos para acolher o que foi dado. Dedos para cavar a terra. Assim será a nossa vida: uma tarde sempre a esquecer, uma estrela a se apagar na treva, um caminho entre dois túmulos. Por isso precisamos velar, falar baixo,pisar leve, ver a noite dormir em silêncio. Não há muito o que dizer: uma canção sobre um berço, um verso, talvez de amor, uma prece por quem se vai. Mas que essa hora não esqueça e por ela os nossos corações se deixem ,graves e simples. Pois para isso fomos feitos: para a esperança no milagre, para a participação na poesia,para vê a face da morte-de repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem;da morte, apenas nascemos, imensamente.´´ Vinicius de Moraes.

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