quinta-feira, 6 de novembro de 2008

´´Escrevente.´´

Nessa semana tive um papo delicioso com um colega sobre literatura. Nossa, viajamos legal e trocamos experiências sobre bons livros e bons escritores. Como eu, ele é um verdadeiro amante literário. Na verdade, até mais, tendo em vista a sua profissão- jornalista. Eu como estudante de biomedicina até tento me envolver mais com os livros, porém, na minha rotina agitada e abençoada, só ando tempo pra ler livros técnicos e que na boa, não são nenhum pouco românticos, por mais que vários deles falem sobre o bom funcionamento do coração.

No meio da viagem, do papo, ele fez um comentário que achei perfeito. Pra ele, escrever é como beber água, comer, escovar os dentes É algo natural é espontâneo, que já faz parte da rotina. Parece que não consegue viver sem escrever. Isso pra mim é perfeito, pois me identifico muito com a literatura, com a escrita, com a arte de brincar com as palavras. Já falei varias vezes no blog que abandonei diversos projetos de vida, que já larguei muita coisa pra trás, porém uma coisa é fato, não deixo de escrever.

Encaro a escrita como uma terapia. Admiro muito os psicólogos, os terapeutas, mas digo com a absoluta certeza- um papel faz milagres. Eu tenho verdadeira loucura em pegar uma folha ou o teclado do meu computador, alongar os dedos, respirar profundamente e deixar-me levar por um caminho que só conhecerei depois que o texto fica pronto. No meu curso eu real mente escrevo bastante, mas são coisas técnicas. Foi o que escolhi pra minha vida, diferentemente da escrita, que surgiu naturalmente aos dozes anos.

Sempre disse que odeio rótulos. Não sou mercadoria. Basta o meu código de barras carinhosamente chamado RG ou Registro Geral. Detesto quando me exibem como escritora. Tenho sim um livro publicado, mas publiquei como forma de desabafo ou de farra. Tem pessoas que fazem farra num boteco (eu também faço e muita) e outras com as letras. Meu caso. Se for então pra me rotularem que me rotulem de ´´escrevente´´. Acho massa essa palavra que não existe no dicionário.

Se eu tiver que optar um dia por todas as coisas que faço, opto então por escrever. Escrever poesias, textos, contos, cartas para os amigos. Opto por ter a minha liberdade de espírito, por ter os meus segredos revelados na língua portuguesa. Vivo sem beijo na boca, sem sexo, sem farra, sem dançar, sem sair de casa, sem chocolate (aí é exagero), vivo sem muita coisa, mas não vivo sem escrever. Descobri que as palavras aproximam as pessoas. Como vocês acham que eu mantenho contato com tantos amigos de vários estados sem ser por telefone?

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