sábado, 20 de setembro de 2008

Vestido preto


Curtinho, básico, aparentemente sem detalhes. Era assim o vestido comprado para ser usado em uma ocasião especial. O que dava charme a ele eram as costas nuas. No corpo da jovem, caia como uma luva parecia ter sido feito sob medida.

Com esse vestido, foi para baladas com as amigas, lançou o seu primeiro livro, recebeu aplausos, deu autógrafo e foi condecorada. Sorriu muito.

Em uma noite que tinha tudo para ser perfeita, escolheu justamente ele para chamar atenção e arrasar. Colocou um sapato de salto baixo, mas que a deixava esguia. Caprichou na maquiagem, encolheu um pouco a barriga. As amigas a invejaram, mas faltava só uma coisa: o sorriso nos lábios, o tão famoso sorriso que fazia graça em seu rosto junto com a sua pintinha, criando um aspecto harmonioso, num rosto delicado de menina.

A falta de sorriso era explicada pela ausência daquele que tinha mexido com o seu coração. Nada de atender telefonemas ou responder suas mensagens. À noite, que era pra ser mágica, acabou mais cedo do que o esperado. O vestido ficou feio, a maquiagem, borrada os sapatos apertados. Deitou-se cedo, mas não no conforto da sua cama e sim na cama na casa de uma amiga. Não queria ficar só, tinha medo do escuro. Lágrimas não vieram, mas duvidas sim. Não quis comentar o fato com mais ninguém, só com os amigos que presenciaram a noite ruir.

O vestido preto fez jus ao luto vivido por ela. O luto de ter enterrado mais uma chance de ser feliz, de amar e ser amada. E ele esta jogado em um saco, sem querer ser tocado. Mas esse vestido cor de luto dará lugar a um vestido colorido, leve, longo e rodado, como a alma tem que ser.

Um comentário:

Unknown disse...

Que é isso, amorzinho, não fique assim tão triste... ...se precisar de consolo moral, espiritual e sexual, conte comigo, e não lhe decepcionarei, ao contrário do canalha que vc conheceu.

Beijo lá onde o sol não bate...